Franqueadora: 6 princípios para criar uma bem alicerçada

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Ser uma franqueadora está ficando cada vez mais competitivo em território brasileiro! Estamos longe de chegar ao contexto do mercado americano, mas os passos para isso estão sendo dados.

Muitas franqueadoras estão surgindo, e por isso, os problemas surgem e se multiplicam. A taxa de mortalidade em franquias gira em torno de 3%. Mesmo assim, já é possível ouvir empresários dizendo que adquirir uma franquia “não é bom negócio”.

Expressões como essa surgem com base em experiências negativas que marcam diversos investidores que caíram nas mãos de franqueadoras despreparadas.

Para aqueles que querem ter uma franquia bem sucedida e alicerçada, compartilho agora seis PERSPECTIVAS. Por intermédio delas é possível discernir o que está faltando e o que pode ser melhorado dentro da rede.

1.   FOCO NOS FRANQUEADOS.

O franqueado é o cliente da franqueadora, sendo assim, é preciso ter isso em mente e transferir para seus colaboradores. Parece muito óbvia essa informação, mas na prática ela se perdeu em algumas redes.

Sirva o franqueado da melhor maneira possível! Ajude ele em cada processo, aja com transparência, ouça suas indagações e reflita sobre elas. Além disso, trabalhe para que o ambiente da franqueadora não seja um lugar onde o pensamento seja “nós contra eles”, evite isso a todo custo.

Com essas afirmações não estou dizendo que o franqueado vai fazer o que quiser, não é isso! A questão aqui é colocar energia no aperfeiçoamento do negócio e manter um bom relacionamento.

2.   A FRANQUEADORA É COMO UM CORPO.

Cada setor de uma franqueadora deve funcionar como se fosse um órgão do corpo. Ou seja, o que um órgão sofre os outros também sofrem, eles estão conectados e todos precisam saber disso.

Ainda existem muitas empresas que trabalham com base no individualismo, cada setor isolado e sem sinergia. Com isso, os processos ficam mais demorados, boas ideias são perdidas, conflitos surgem entre setores.

Tudo isso poderia ser resolvido com um BRAINSTORM (conversa feita para trocar e debater ideias).

Outro exercício interessante que já salvou muitas equipes é o JOB ROTATION (Rodízio de funções). Promovido pela franqueadora com a proposta de capacitar os colaboradores em diferentes setores e, dessa forma, mostrar que nem sempre a grama do vizinho é mais verde.

3.   VISÃO DE MÉDIO E LONGO PRAZO.

Embora seja tentador vender unidades franqueadas para qualquer pessoa, pensando no agora, na taxa de franquia e o volume que isso vai gerar para rede. Mas está provado que a médio e longo prazo, não funciona.

Selecionar os franqueados analisando se ele possui o perfil correto para o tipo de negócio de sua rede, é fundamental. Afinal, o setor de expansão precisa buscar franqueados seguindo critérios e parâmetros específicos.

Muitas franquias atingem rapidamente uma quantidade expressiva de lojas nos primeiros anos, mas entram em decadência com a mesma velocidade. Se a expansão não trabalha com um BRIEFING bem elaborado, a força de crescimento inicial não vai conter a força inversa gerada pelos problemas.

4.   RELACIONAMENTOS ENTRE FRANQUEADORA E FRANQUEADO.

Criar bom relacionamento com os franqueados é fundamental. Isso pois, um franqueado feliz da menos trabalho, recebe melhor as notícias impopulares como reajuste de taxas. E o mais importante é que ele vai falar bem da franqueadora.

Ninguém fecha contrato com sua marca antes de ligar para alguns franqueados e saber sua opinião. E você não quer que o franqueado diga a potenciais investidores que:

” O negócio é ruim, que a franqueadora não dá suporte, que os processos são muito demorados, eles são ditadores, só pensam nos royalties etc.”

Nunca se esqueça, o franqueado é peça fundamental na expansão da franqueadora, por isso a eliminação dos pontos que geram tensão não podem ser ignorados. Quais são as principais reclamações? Porque os processos estão demorando? Mantenha o FOLLOW-UP atualizado e eficiente.

5.   EQUIPE MADURA

Não é novidade que uma das competências mais importantes no mercado atual é a “inteligência emocional”.

Busque colaboradores que tenham equilíbrio emocional, que saibam ouvir um feedback e refletir sobre ele. Além disso, que saibam receber uma crítica em tom mal educado e responder de maneira branda. 

Não adianta ter um consultor de campo ou um gerente de operações cheio de habilidades técnicas, se não souberem se relacionar com as pessoas. Invista em treinamento, para que todos os setores sejam emocionalmente maduros.

6.   COMUNICAÇÃO INTELIGENTE.

Em 1513 o italiano Nicolau Maquiavel escreveu O Príncipe, esse best-seller ainda tem muito a nos ensinar. Um dos princípios ensinados por Maquiavel é o de saber como comunicar notícias “boas e ruins”. 

Quando a franqueadora for dar uma notícia impopular para a rede, seja por vídeo, circular ou e-mail, forneça todas as notícias possíveis de uma só vez! 

Contudo, quando as notícias forem boas, novidades e melhorias forem acontecendo, forneça essas notícias de forma espaçada.

Isso para gerar a sensação de que estamos sempre obtendo avanços. Que a rede não está parada mas sim focada em desenvolvimento. Grandes empresas e governos usam essa técnica e ela funciona.

Esses são seis princípios que podem ajudar muito na hora de tomar decisões, observe que todos eles tem como base “comunicação e relacionamento”.

Existem muitas redes que são extremamente competentes na transferência de seu KNOW-HOW aos franqueados ou na prestação de seus serviços. Mas isso não vai ser suficiente sem o desenvolvimento de habilidades de relacionamento.

Pesquisas atuais revelam um espécie de SPIN-OFF (Surgimento de um novo negócio a partir de um grupo já existente.) na área do franchising, muitos franqueados insatisfeitos com o relacionamento com a franqueadora se unem e criam novas marcas concorrentes da rede mãe.

Isso pode ser evitado com esses princípios apresentados, nunca podemos pensar , por exemplo, que cláusulas de barreira em contrato vão impedir alguém de sair de uma rede e iniciar uma nova.

A segurança verdadeira, no entanto, está em conduzir uma rede que produz benefícios mútuos, onde todos são realmente parceiros em busca de crescimento e fortalecimento da marca.

Por

Felipe Ramos
Diretor de inteligência de negócios
Graduado em filosofia e pós-graduado em economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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